No último dia 5, o incêndio da Igreja Matriz de Pirenópolis completou 19 anos.
Quem não conhece a história, ao observar a Igreja Nossa Senhora do Rosário atualmente, nem imagina que, há quase duas décadas, o maior Patrimônio Histórico da cidade foi quase destruído por inteiro. A estrutura foi restaurada como a original, muitos elementos, no entanto, foram completamente consumidos pelo fogo.
5 de setembro de 2002: saiba (ou relembre) como foi o incêndio da Igreja Matriz
No dia 5 de setembro de 2002, por volta das 2h da madrugada, um grupo de jovens percebeu que a sacristia, capela localizada à direita da igreja, estava pegando fogo.
Com ajuda do pároco, arrombaram a porta e conseguiram salvar algumas imagens, dentre elas a de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade. No entanto, logo a fumaça tomou conta do local e eles tiveram que sair.
As chamas se espalharam e todo o interior da igreja foi atingido, destruindo os três altares de madeira trabalhada, elementos artísticos e religiosos como porcelana portuguesa, imagens e castiçais de prata. Horas depois o telhado ruiu.
Na época, a unidade operacional do Corpo de Bombeiros não dispunha de viatura de combate a incêndio. A brigada de Anápolis foi acionada, mas quando chegou, o fogo já havia se espalhado e o telhado caído.
O fogo só foi controlado pela manhã, cerca de 10 horas após o início do incêndio, pois, caso o Corpo de Bombeiros jogasse água direto no fogo, o choque térmico poderia fazer todo o prédio desabar.
Nunca se soube a causa exata do incêndio. Naquela noite, havia tido vigília na igreja, havendo chances de velas acesas terem sido esquecidas. Outras teorias relatam irregularidades elétricas, como ligações clandestinas denunciadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e há quem diga ainda que pode ter sido criminoso.
Um dos rumores que circulam desde a época é que criminosos assaltaram a Igreja, levando peças de ouro, e colocaram fogo para não deixar provas. Segundo o boato, o vigia do Teatro teria visto os assaltantes e, por conta disso, foi assassinado no dia seguinte.
Reconstrução após incêndio
A Igreja Matriz passou, durante 4 anos, por obras de recuperação patrimonial, reconstrução e restauração.
Num primeiro momento, o IPHAN implantou uma espécie de UTI (Unidade de Terapia da Igreja) para fazer o salvamento emergencial. Uma grande cobertura metálica, envolvida por uma tela branca, foi instalada para proteger as paredes de barro cru.
A Sociedade dos Amigos de Pirenópolis (SOAP) elaborou um projeto cultural, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura, para captar os recursos necessários para a restauração e início das obras.
Toda a restauração contou com técnicas antigas e modernas e o processo foi documentado, do começo ao fim, por meio de fotografias e de um site criado para divulgação do andamento das obras.
Além disso, a reconstrução também virou uma exposição de arte chamada de Canteiro Aberto, onde passou a receber cerca de três mil pessoas por mês, em visitas guiadas.
A obra de restauração, concluída em 2006, ganhou o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do Ministério da Cultura.
A inauguração contou com uma verdadeira multidão.
História da Igreja Matriz de Pirenópolis
A Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário foi construída, entre 1728 e 1732, voltada para o norte, de forma que, a qualquer hora do dia, o sol ilumine sua fachada.
As paredes da Igreja possuem de 1,20m a 1,80m de largura e são feitas de taipa de pilão. Este processo construtivo consiste na construção de paredes com a utilização de terra compactada em formas de madeira. ⠀
Já o alicerce, possui 4m de profundidade e é feito em cantaria de pedra, a arte de talhar blocos de rocha bruta de forma a constituir sólidos geométricos. ⠀
Foi tombada em 1941, pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) atual IPHAN.
Entre 1996 e 1999, passou por uma reforma que visava restaurar coberturas, pinturas, consolidação estrutural, escadas, forros e pisos. Apenas 3 anos depois, em 2002, houve o grande incêndio, havendo uma nova restauração, concluída em 2006.
Em 2014, a Matriz passou por reformas da pintura externa.
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Fonte: CAVALCANTE, Silvio e Neusa. Barro Madeira e Pedra, Patrimônios de Pirenópolis, pág. 69-97, 2019.