Os mais velhos, tanto moradores quanto turistas, devem se lembrar da Bidiu. Com seus passinhos trôpegos, ela costuma a atravessava todo o Centro Histórico, de segunda a segunda, pedindo qualquer ajuda.
Bidiu que nasceu Otilia, andava sempre com uma das mãos estendida. Ela nos fazia reter a marcha da nossa correria para um “papo”, muitas vezes incompreensível, mas que para aqueles capazes de ouvir com o coração, nos levava a embarcar em viagens por um mundinho próprio, onde não havia espaço para tristezas e agonias.
– Cabô o arroz. Cabô o feijão. Cabô café … Cabô tudo! Dizia Bidiu ao perceber que já tinha conquistado sua atenção.
Falecida em 2010, ela deixou a cidade menos mágica. Mas, é sempre bom lembrar dos personagens populares que marcaram sua época na cidade.
O poema abaixo foi escrito por J.P. Afonso em homenagem a ela.
Quem foi que disse
que duendes
só são encontrados
nas matas virgens
e que só se deixam ver
nas noites de lua cheia?
Pode até ser esta a regra
mas todas têm sua exceção
e foi isto que tornou possível
se ver e conviver
com um duende mulher e menina
que transitava em plena luz do dia
na cidade da meia ponte
Lá vinha ela com seu bornal
no peito trazia o crachá
que dizia chamar-se Otilia
Otilia ninguém sabia
pois o povo que a conhecia
só a chamava Bidiu
Seu corpo miúdo
vestido de chita
seu sorriso constante
e mão estendida
cativava o passante,
morador ou viajante
Bidiu,
duende menina
nos anos avançada
trazia sempre a mesmo toada
cabô o arroz, cabô o feijão, cabô o café
E agora
sem nem mais nem porquê
quis o criador que pra nós Bidiu
CABÔ !
Seu Ico velho sineiro,
Badalou nos céus
Chamou Bidiu
Pra comer biscoitos da Benta
E entoar cantigas cochichadas
De velhos meninos que sempre foram.
E em nós Senhor
que aqui ficamos?
só as saudosas lembranças
de, em nós as crianças
sem Ico
sem Benta
sem Bidiu… Isso não se faz viu!!!