Luciano Nunes Teixeira e seu genro Antônio Rodrigues Frota chegaram ás margens do Rio das Almas, em 1772 e foram um dos primeiros a chegar a Meia Ponte, antigo nome de Pirenópolis. Depois de algum tempo de trabalho tornaram-se donos de grandes extensões de terra e senhores de muitos escravos e índios. Suas terras abrangiam os morros a esquerda do Rio das Almas, de onde extraíam muito ouro.
Segundo a lenda, Antônio Frota utilizando-se do velho “jeitinho brasileiro” arrumou uma forma de não pagar o quinto, ou seja, o equivalente a vinte por cento do seu lucro, que era cobrado pela Coroa portuguesa. Conta-se que para fazer isso ele enchia diversas garrafas de barro com ouro em pó, que depois eram levadas por velhos escravos e escondia nos morros de sua propriedade. Para que estes não contassem onde foi enterrado seu tesouro, lhes cortava a língua e furava os olhos, quando não os sacrificavam.
Foi dessa forma que sogro e genro enriqueceram. Construíram um amplo castelo de dois pavimentos com uma torre lateral circundada por longa escadaria. Edificou igreja própria, a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, para missas particulares. Diz-se que nessas ocasiões um tapete era estendido de seu castelo até a igreja para que sua mulher e filhas pudessem caminhar sem sujar os pés. Essas três mulheres, por sua vez, esbanjavam não apenas o ouro que o rio lhes dava, mas principalmente a ostentação e arrogância. Vestiam-se com as melhores roupas, cobriam-se de colares, anéis e braceletes, chegando a ponto de empoar os cabelos com pó de ouro quando participavam de festas nas redondezas.
Nessas oportunidades, a esposa vaidosa e presunçosa declarava abertamente que “era mais fácil o rio das Almas voltar e subir a serra, do que o ouro da sua família acabar”. Mas o seu marido também aprontava. Prestigiado pela Corte portuguesa de tal forma que suas terras foram até desmembradas das que pertenciam à capitania, ele em certa ocasião mandou um artesão forjar em ouro uma jóia com o formato de um cacho de bananas, enviando-o como presente à rainha.
Antônio Frota adoeceu e veio a falecer. Pouco tempo depois o mesmo aconteceu com sua esposa, e em seguida com seu sogro. Suas duas filhas que não possuíam conhecimentos sobre os negócios da família, acabaram sendo vitimas de juízes desonestos que lhes tomaram tudo, reduzindo-as à miséria.
Anos depois, início do século 19, o comendador Joaquim Alves de Oliveira desmontou o castelo de Antônio Rodrigues Frota para construir um casarão que se tornou conhecido como a “casa das 365 janelas”.
Desse esplendor restou apenas a lembrança do nome da família dado ao morro – Morro do Frota. Quanto à lenda das garrafas cheias de ouro, bem, até agora o Agita Pirenópolis não relatou nenhuma garrafa encontrada, mas a busca continua.